segunda-feira, 24 de agosto de 2009

FutAventar - FCPorto #4:

O Império dos Sentados(publicado originalmente AQUI)

Em Portugal existe toda uma escola de “sentados” do futebol. São homens e mulheres, certamente com a melhor das intenções, mas que permanecem, sentados, à espera de tempos que não voltam mais. Agarrados a um pretenso passado imperial não conseguem admitir a verdade. Neles existe um sonho, uma utopia bonita mas irreal. Por eles o Eusébio voltava a colocar os calções e a calçar as chuteiras só para eles reverem aqueles pontapés no esférico. Pensaram que era desta, era com o Mantorras que tudo regressaria ao seu sítio, ao que julgam ser seu por poder divino. Estão para o futebol pátrio como as antigas colónias para os ansiosos de um império perdido, um qualquer quinto império imaginário, mais ou menos pessoano.

Neles permanece esse sonho. Talvez seja algo de religioso e isso explique a contratação de Jesus. Estamos já no campo do esotérico. Por isso não compreendem, nem podem compreender como é possível que um clube, segundo eles, de bairro lhes faça esta desfeita de ano sim, ano sim, os vencer, sem apelo nem agravo. Querem acreditar que tudo se deve à fruta, como se o FCP fosse um qualquer novo sabor da Sumol. E se não é a fruta são as meias-de-leite ou os cafés pingados. Só assim, julgam, pensam, acreditam, se justifica a sua injustificável frustração perante as consecutivas derrotas internas e humilhações internacionais. Mas como é possível, um clube que julgam ser de grunhos, de bandidos, de traficantes, nado e criado na parvónia, nessa longínqua província de comerciantes, industriais, liberais e outros que tais, que gritam “bai-te lavar ó morcon”, seguido de um chorrilho de palavrões e acompanhado por umas tripas com “binho berde”? Como é possível? Realmente.

Se algo existe que não conseguem explicar são as constantes vitórias internacionais, as vendas milionárias ano após ano, o reconhecimento internacional adquirido. Ou seja, a avaliação externa e independente que não se compadece com a verborreia da “Bola” ou do “Record”. Uma avaliação que não vai em fantasias de “braços armados que controlam e atemorizam tudo o que mexe” como se isto fosse a Chicago dos anos 30 e Lisboa o paraíso na terra cujos clubes e dirigentes são anjinhos com belas asinhas e assexuados.

O Porto tem os melhores jogadores, melhores treinadores, melhores dirigentes, ganha mais” e mesmo assim, o império dos sentados não acredita, não quer acreditar, prefere as fábulas, prefere continuar sentado, acreditar em Jesus, em Filipe Vieira e em todos esses novos pregadores evangelistas. É a Fé em todo o seu esplendor.

Nós por cá, continuamos a vencer e a comer fruta e a tomar meias-de-leite ao pequeno almoço.

1 comentário:

brmf disse...

Injustiçados, estes moços.

Take 1: Jogador X está dois anos sem aceitar ser colocado em qualquer clube;
Take 2: Jogador X ameaça mandar umas bocas;
Take 3: Jogador X leva uma tareia;
Take 4: Jogador X leva processo em cima por levar uma tareia às 5 da manhã;
Take 5: Jogador X, ao fim de dois anos, aceita ser emprestado;
Take 6: todas as cenas anteriores são independentes. É tudo mera coincidência.

Fim da fita.

Ainda acabo em guionista de filmes. Guionista barato, mas guionista. :)