segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A Morte deste PSD

Legislativas 2009: A Morte deste PSD

(originalmente postada no Aventar)

O PSD velho e revelho do Cavaquismo e dos seus despojos acabou hoje. Dito de outra forma, terá de ter acabado hoje, caso contrário acaba com o partido.

O PSD dos pós sessentas, que nunca aceitaram abandonar o poder, que utilizaram o partido para enriquecer tornando vidas profissionais fúteis em fontes gigantescas de criação de riqueza pessoal, de tráfico de influências e outras patranhas e artimanhas, sofreu hoje uma derrota estrondosa. E ao sofrer tal, colocaram o país numa situação difícil.

Após uma governação péssima, com os casos Freeport, Universidade Independente, Aeroporto de Lisboa e os projectos da Guarda, o desemprego a subir em flecha, os agricultores na miséria, o comércio moribundo e a Educação de pantanas, mesmo com tudo isto, José Sócrates conseguiu vencer. E venceu por um motivo muito simples e que vi escrito noutro blogue (pelo BRMF no Intervenção): também se avaliou 4 anos de oposição. Acrescento, também se avaliou a escolha das listas, igualmente se teve em conta os saneamentos inacreditáveis. Em suma, Manuela Ferreira Leite foi avaliada e o povo da direita e centro-direita deu uma resposta clara que merece uma decisão óbvia: eleições internas no PSD após 11 de Outubro. O PSD precisa de outra geração, da geração de Passos Coelho, de Alexandre e Miguel Relvas, de Marco António e de muitos independentes desta área política como, só para citar os daqui, Rui Moreira ou Carlos Abreu Amorim. O PSD necessita de um 25 de Abril interno.

O Bloco e o CDS, mais este que o outro, foram os grandes vencedores pois conseguiram capitalizar, por um lado, os descontentes do PS (o Bloco) e os descontentes do PSD (o CDS). Os jovens à esquerda votaram BE. Os jovens à direita votaram Portas. Este PSD pensa que é com jovens aos gritos e aos pulos que convence este eleitorado. Muito se enganam, esses tempos, da minha geração, já passaram. Hoje, o eleitorado jovem precisa de causas, de quem fale a sua língua, de quem perceba as suas dificuldades, de quem conheça as suas angústias e esta geração dos sessentas nem os netos conhece quanto mais…

É de um novo PSD que Portugal precisa. Um PSD moderno e reformista, que afaste de vez o conservadorismo saloio do “casar, procriar e a hóstia ao domingo”. Um PSD do liberalismo social mas defensor de um estado mínimo e de mão firme no essencial (Saúde, Justiça, Educação e Segurança Social). Um PSD que acredita no mercado mas não esquece a presença do Estado na manutenção de um país solidário. Um PSD que acredita na iniciativa privada mas cria todas as regras necessárias para um sistema justo e equilibrado. Um PSD que apoia todos os não portugueses que querem viver no nosso país e nele trabalhar, criar família e ter uma vida melhor. Um PSD que premeia o mérito, que escolhe os melhores em detrimento dos filhos dos barões, que procura na sociedade os mais capazes e neles se apoia para discutir, pensar e construir um outro Portugal. Um PSD que acredita no combate ao centralismo por via da Regionalização.

Um PSD diferente, muito diferente deste. É disso que Portugal precisa.


PS: No Aventar foi um dia especial, numa noite em grande: pela primeira vez mais de 3000 visitas num só dia e mais de 6000 page views! O chat das legislativas foi um must e lideramos, sem espinhas, a blogosfera avançando com as previsões das televisões com 2 horas de antecedência e, requintes de malvadez, às 19h30 já estava no Aventar uma média das três que seriam apresentadas às 20h (dentro do intervalo de resultado final).

Por isso mesmo, quem acompanhou o Aventar soube primeiro. Os bloggers responderam em massa - foram mais de 1500 a visitar esta tasca após as 18h! Para um blogue que ainda não completou seis meses de vida, é obra!!!

1 comentário:

Manuel Ferreira disse...

Muito do que diz eu concordo.
O PSD, de facto, precisa de uma nova coluna vertebral. Uma coluna vertebral, atenta a todos os movimentos do corpo, de um corpo que se pretende adaptável a todas as oscilações de um tempo versátil e exigente.
O PSD precisa de renovar, mas já.
Precisa de uma nova liderança geracional, que, embora, respeitadora das memórias do partido, possua, entusiasmo, dinâmica, e fale a nova língua dos "tempos modernos".
O PSD precisa de ir buscar os melhores da nova geração, aqueles que já têm provas dadas do seu valor.
Mas atenção, dentro deste poderá haver também aqueles que apresentam algum défice de seriedade, o que só por si, segundo creio, será motivo suficiente para os relegar dos patamares da liderança.