Confesso, devo ter sido dos poucos bloggers que não viu a entrevista do PM. Estava a assistir a um debate sobre o QREN. Paciência, terei de ver a gravação.
Mesmo assim, fui recebendo uns sms. Num deles, o escriba de serviço colocou: “Espectacular, o homem domina as técnicas de comunicação”. Escrito por um perigoso “fassista” da minha área profissional, a comunicação. Por sinal, um PSD daqueles que sabe o hino e tudo.
Curioso, nesta palestra, a dada altura, um dos oradores decidiu falar de comunicação, aproveitando o embalo para criticar os jornalistas. Não querendo maçar os leitores e não pretendendo entrar em polémicas (já bastou a minha opinião sobre o Vasco Lourenço, ehehehe) dei por mim a concluir que o orador em causa percebia tanto de comunicação como eu de física quântica. Queixava-se de uma medida avançada pelo PM que, na realidade, é puramente virtual e mera propaganda, algo que ele denunciou e que a imprensa não lhe ligou. No ar pairou uma qualquer estratégia de censura pró-governamental. Escusado será dizer que a Manuela Moura Guedes desmente, religiosa e cabalmente, todas as sextas-feiras, mas enfim. Ficou a suspeita. Eu deveria ter explicado mas não o fiz. Não estava em minha casa e era mero acompanhante de convidado.
É fácil culpar os outros. E aqui chamo um bom exemplo que o desmente.
Recentemente passou um ano sobre uma campanha de comunicação feita com pés e cabeça. Pensada ao detalhe e que pretendia chamar a atenção para uma injustiça que este governo se preparava para cometer. Muitos diziam que não valia a pena, que a comunicação social não lhe pegaria pois estava “vendida” ao Governo (o caso Freeport ainda não estava em antena e o estado de graça de Sócrates perdurava) e, pasme-se, outros já tinham tentado. Esqueciam que mandar uns bitaites não conta. A campanha avançou na mesma.
Resultado: todos os órgãos de comunicação social lhe pegaram, deram o devido destaque, directos incluídos. A partir daí foi sempre sem parar, a população mexeu-se criando movimentos cívicos e o erro não foi cometido.
O problema é outro. A Comunicação está pejada de amadores que enganam os clientes convencendo-os que os jornalistas se compram com uma boa jantarada e um JB 15 ou resmas de páginas de publicidade. O cliente, por sua vez, pensa que com um powerpoint feito pelo estagiário-escravo de serviço e uma daquelas sessões de massagem cerebral a que chamam “conferência de imprensa” se consegue. É como aquele doente que prefere ir ao bruxo em vez de marcar consulta no médico. Depois, quando a enfermidade não passa culpam o médico ou, no caso presente, os jornalistas.
Na verdade, alguns ainda acreditam (ou preferem acreditar) que é com papas e bolos. Olhem, o Sócrates é que a sabe toda. Em questões de Comunicação não brinca. Claro está que um dia vai deixar de resultar pois “milagres” é domínio da fé e não da Comunicação.
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